segunda-feira, março 30, 2009

Haja corazón


"O coração se guia sozinho e
sem medo frente ao escuro no
caminho do amor, enquanto a razão perde tempo procurando por um trajeto seguro!"




Isso faz do coração um cavalo cego desgovernado? Da razão uma rédea retentora?

Coração e razão são realmente antagônicos?

Não é a intenção pura de um, que leva à ação com a outra?

Ou tem mesmo o coração "razões que a própria razão desconhece" ?






terça-feira, março 24, 2009

Clarice

Não costumo fazer isso, afinal este é um blog de coisas desimportantes e não muito graves, mas li este trecho de um livro da Clarice Lispector... e frente à "futileza" desta janela desinformativa que vos apresento, resolvi postar o que li, para contemplação dos nossos (moscas, baratas, cupins, traças e afins) leitores.

"Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia. "

quinta-feira, março 19, 2009

Ascenção e queda da comunicação em massa

Há um bom tempo venho percebendo que parece ter virado uma bizarra mania nacional me deixarem falando sozinha. Em algum jornal que eu não li, ou em algum canal onde passa alguma novela que eu não assisti, devem estar veiculando essa nova moda.
Eis que um dia, dado todo esse bum na comunicação de massa, fui convidada à participar de mais uma rede de relacionamentos. O modelo era interessante, a proposta bacana, novo modo de se comunicar, legal, vou entrar.
Entrando, percebo que apenas uma pessoa da minha lista de e-mails está ligada a essa rede. Bom, seria questão de tempo até que eu convidasse o restante dos amigos da lista.
Vamos lá então, como funciona essa nova gracinha? A proposta do site é fazer, em tempo real, um pequeno diário do dia a dia dos internautas.
Com opções de fundos de tela coloridinhos, muda cor da fonte, muda cor da barra lateral, muda foto... hum, a hora da foto é importante, escolhe uma, não tá boa, escolhe outra: ah tá otima essa, mas o site não aceita... escolhe outra, outra... pronto, enchi o saco, vai essa mesmo!
Agora, primeira postagem no mini blog, descubro que posso usar apenas 140 caracteres... primeiro choque: como uma mulher se comunica com apenas 140 caracteres?
Vivendo e aprendendo...
Fui então ler as postagens dos amigos, ou melhor, do único amigo da minha lista, pra entender a dinâmica da coisa. Ok. Primeira postagem do dia, sobre o "que eu estou fazendo"... olha, legal!
Depois disso veio a segunda postagem, a terceira, a quarta... e percebi que minha pagininha (já que este era um mini blog) estava repletinha de recadinhos só meus.. eu estava informando a mim mesma o que eu fazia o dia inteiro, e percebi que passei o dia inteiro postando pra mim mesma, pra me informar que eu tinha escrito pra mim mesma o dia inteiro (?) ...
O que era aquilo? Um complô?
Não desta vez, antes que o misterioso fenômeno da monolocução se abatesse sobre mim novamente, abati o mini bloguinho ... e fui sentar numa cozinha cheia de mulheres, onde certamente a comunicação era em massa! Mas onde falar foi quase impossível...




Comunicação em massa II