quinta-feira, outubro 02, 2008

Um jeito ímpar de viver a par

Constantemente vejo em entrevistas e talk shows as pessoas contarem detalhes sobre suas personalidades e mencionarem suas pequenas manias curiosas. As pessoas famosas e célebres costumam gerar certa curiosidade nos meros mortais e todas as suas esquisitices parecem atraentes extravagâncias.
Pois bem... eu, como estrela célebre e única do meu próprio mundinho, também tenho algumas manias extravagantes. Entre elas, está uma mania intrínseca e incontrolável: a de classificar as pessoas em “pares” e “ímpares”... Não sei quando, nem como isso começou, muito menos como é o processo, mas muitas vezes me pego olhando alguém e pensando: “ - par... ímpar” ... E então, quando eu decido o que a pessoa é, imediatamente ao pensar nela ou vê-la, puxo no arquivinho pessoal o cartãozinho com seu nome, história e papel da mesma na minha vida, junto à um carimbo atestando: par ou ímpar. E as pessoas então vão, devidamente etiquetadas e organizadas, cada uma para o seu lugar imaginário dos pares e ímpares.
Seria tudo tão mais fácil se o convívio com as pessoas se resumisse só a isso ... Em um dia em que estivesse carente, puxava logo uma pessoa par da prateleira, já que “pessoa par”, entre muitas outras razões, é par porque é aconchegante, me faz sentir segura, confortável, aquela em quem tenho vontade de me encostar. Pra ser par tem que passar pelo teste do abraço imaginário: se eu tiver dificuldade em classificar a pessoa, imagino que a estou abraçando e se for gostoso... “ah, é par”. É uma pessoa pufe, uma pessoa edredon com ar condicionado, uma pessoa chocolate, pessoa sol no rosto, uma pessoa jardim... enfim...
Já nos dias em que eu estivesse animada, me sentindo livre, leve e solta, correria na prateleira das pessoas ímpares...
As pessoas ímpares são mais difíceis de definir, porque existe o risco de confundi-las com pessoas frias, individualistas... e principalmente, com pessoas “não pares”, o que não é o caso. As pessoas ímpares o são, simplesmente porque não consegui classificá-las ... Sim, vai entender.
Esse detalhezinho no meu dia a dia nunca havia sido problema pra mim, era uma diversão na hora de dormir, deitar e ficar pensando: “fulano...par, ciclano... hmm, par”, até o dia em que parei para refletir sobre isso. E então pensei que finalmente tinha descoberto que sou neurótica.
Ai pronto, eu sou uma neurótica, daquelas que ficam arrumando a casa, colocando o mesmo enfeite várias vezes no mesmo lugar porque acha que ele nunca está exatamente no lugar certo, dando todas as voltas da chave de casa na fechadura e ainda confirmando se a porta trancou, contando o dinheiro de trás pra frente e de frente prá trás do maço de notas, pisando dentro dos quadrados do piso da calçada pra não pisar nas divisórias...
E aí, como não poderia deixar de fazer, passei a vislumbrar o futuro e me vi: com uma belíssima roupa de época, indo à feira... ou indo de roupão, touca de banho e salto alto à uma reunião de família, como aquelas estrelas decadentes que acabam esquecidas e ficam loucas, perdidas e sem um tostão, vivendo das lembranças dos tempos áureos que não voltam mais... Afinal, ser neurótico é mesmo coisa de estrelas...
Mesmo as famosas e célebres estrelas únicas do seu próprio mundinho... rs.


Um comentário:

Nambu disse...

Pequenas manias, quem não as tem?
Eu sou a louca que fica arrumando a cestinha de açucar/adoçante/sal e palitos no centro de mesas de bares e restaurantes. Me concentro na sequêcia, no formato.... Se for daqueles tipo "guru do açucar" piorou, eu separo pelo tipo de mensagem....rs
De médico e louco.... ;)

bjs